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O Cosmopolita #2 (+1) - Um convite para uma matéria especial e uma reflexão sobre os gastos com a guerra

O retorno ao projeto, um convite para uma matéria especial e uma reflexão sobre a indústria mais lucrativa do mundo.

Antes de começar... 

Saudações, leitor! 

Eu estive meio ausente, mas depois de várias semanas, eu voltei pra continuar o projeto. Antes de começarmos preciso explicar o que teremos pela frente.  

Até a próxima terça-feira vão haver lançamentos diários dentro da newsletter, começando por hoje. Como o Beehiiv me limita à uma newsletter por dia, essa virá em dose dupla, abordando dois assuntos de uma só vez.  

Hoje, conversaremos sobre uma grande reportagem à ser lançada no próximo sábado e também sobre vamos mostrar alguns números da indústria bélica.  

Por que se interessar por geopolítica?  

A pergunta que compõe o título é a provocação que eu levei para quatro entrevistados com formações em diferentes áreas do conhecimento, mas que tem em comum o interesse pela política internacional.

O objetivo é trazer cinco visões diferentes - eu também irei responder essa pergunta - sobre o tema e de como surge o interesse para se debruçar por um tema tão vasto e que tem crescido nos últimos anos.

Não vou entregar nada sobre as entrevistas, mas posso adiantar que teremos de jornalistas à comandantes das Forças Armadas.

No sábado, as 20h, nesse mesmo canal. Eu aguardo vocês.

“As the war machine keep’s turning”

Quando foi proposto em sala de aula para que, dentro dos temas escolhidos pelos alunos, fossem debatidas questões econômicas, não me veio maneira melhor de trazer esse assunto do que trazer a discussão do investimento que as grandes potências tem assumido em decorrência da guerra na Ucrânia e outras tensões diplomáticas que vem movimentando o jogo geopolítico.

Durante a guerra na Ucrânia, os gastos militares globais chegaram em um nível recorde, foi investido um total de 2.24 trilhões de dólares (cerca de 11 trilhões de reais). Os dados foram reunidos pelo Instituto de Pesquisa para a Paz de Estocolmo e mostram como a guerra se torna cada vez mais um grande negócio.

Começando pelos protagonistas do conflito no leste europeu, a Rússia, em 2022, investiu cerca de 86 bilhões de dólares na indústria bélica, enquanto do outro lado do front, a Ucrânia contou com pouco mais da metade desse orçamento, com 44 bilhões de dólares.

O conflito fez com que, mesmo em uma porcentagem menor, os países próximos também investissem mais nesse setor da defesa.

Com as sanções impostas pelos países do ocidente, hoje, a indústria bélica vem sustentando a economia russa. A previsão, segundo os planejamentos orçamentários russos, é que, em 2024, o investimento chegue em 100 bilhões de dólares e se mantenha assim até 2026.

Quem ganha com tudo isso?

A invasão russa, mesmo que de uma forma contra intuitiva, beneficiou amplamente os Estados Unidos. Com o conflito, os norte-americanos aumentaram as exportações de armas em mais de 14% e correspondem por 40% das transferências globais de armamentos.

O recordista em investimento militar

Em 2023, os EUA destinaram 858 bilhões de dólares para os gastos com defesa. É o país que mais investiu no setor no mundo. A título de comparação, os EUA investem mais que os outros 7 países que mais investiram na indústria militar JUNTOS (Aproximadamente 750 bilhões de dólares)

Além do montante investido, ainda estava previsto na proposta orçamentária aprovada em dezembro de 2022 um apoio de 800 milhões de dólares à Ucrânia e um forte apoio logístico e financeiro - 10 bilhões de reais - para fortalecer Taiwan, que vive fortes tensões com a China.

E o Brasil?

Na contramão dos outros países do mundo, o Brasil tem investido cada vez menos no setor de defesa.

Os gastos militares em 2022 foram 7.9% menor que em 2021, sendo investido pouco mais de 20 bilhões para o setor. Mesmo com um número muito inferior em relação ao montante investido pelas grandes potencias, o Brasil representou quase 50% dos gastos militares da América Latina no último ano, que foi de 46.1 bilhões de dólares.